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Importadores dos EUA cancelam os contratos de compra de móveis de SC com alíquota de 50%

A indústria madeireira de Santa Catarina, que inclui móveis, madeiras e outros itens, é um dos setores que já sentem o impacto do tarifaço anunciado quarta-feira (09) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

 Todos os contratos para entregas a partir de 25 de julho, que sofrerão imposto de 50%, estão sendo cancelados ou suspensos, informa o vice-presidente para o Planalto Norte da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Arnaldo Huebl. O empresário, que atua há décadas no setor, disse que nunca aconteceu uma interrupção total de vendas dessa forma para esse setor que é grande exportador aos Estados Unidos.


– Todos os pedidos que podem sofrer imposto de importação de 50% estão sendo cancelados ou têm produção suspensa até 2ª ordem. Os clientes nos Estados Unidos estão informando que não vão pagar 50% porque não terão como vender esses produtos com esse reajuste de preços. Eu já enfrentei várias crises econômicas, mas nunca uma como essa porque não estamos vendo luz no fundo do poço – afirma Arnaldo Huebl.


O industrial conta que falou com o segmento de produtos de madeira que exporta aos EUA, que normalmente tem contratos de mais longo prazo. Mas foi informado que eles enfrentam a mesma situação. Os clientes estão dizendo que com taxa de 50% não vão receber os produtos.


Diante dessa crise, empresas desses setores já estão procurando escritórios de advocacia especializados em recuperação judicial para buscar alternativa na Justiça para enfrentar um período sem poder arcar com os compromissos financeiros. A informação é do advogado Tullo Cavallazzi Filho, sócio do escritório catarinense Cavallazzi, Andrey, Restanho & Araujo Advocacia.


De acordo com o advogado, as empresas do setor de madeira e móveis começaram a sentir o peso da mudança de tarifas já no início, com a taxa de 10%. Nesse momento, importadores dos EUA postergaram contratos e passaram a pesquisar preços de fornecedores da Ásia, em especial da China e Vietnã. Agora, com 50%, a situação piorou muito.


– Os advogados estão sendo procurados no estado todo por empresas exportadoras que têm grandes ou pequenos negócios com os Estados Unidos para solucionar juridicamente o impacto financeiro que começam a enfrentar. Se eles estão tendo vendas canceladas, propostas postergadas, as obrigações deles aqui no Brasil a serem pagas com bancos, com fornecedores, também vão atrasar. Então, por isso, alguns já estão perguntando sobre a recuperação judicial, como é que eles podem procurar o Poder Judiciário para eles terem, eu diria assim, um socorro jurídico para esse impacto – explica Tullo Cavallazzi.


Segundo ele, a taxação de 50% está afetando diretamente as empresas. Ele foi informado que nesta quinta-feira, por exemplo, uma indústria de SC teve o embarque de um contêiner de móveis suspenso em função da nova tarifa.


A esperança do setor exportador aos Estados Unidos, de acordo com Arnaldo Huebl, está em possível negociação de lideranças brasileiras com o presidente dos Estados Unidos. Segundo ele, todas entidades empresariais estão mobilizadas e uma das sugestões é propor ao ex-presidente Jair Bolsonaro que negocie com Trump a redução dessa alíquota de 50%. Mas a preocupação é que o problema é imediato, a crise está se instalando e não há muito tempo para esperar.


O setor madeireiro e moveleiro é o principal exportador de Santa Catarina aos Estados Unidos considerando todos os segmentos. O setor moveleiro, por exemplo, emprega mais de 30 mil pessoas diretamente no Estado. O maior polo moveleiro exportador é São Bento do Sul, que conta com cerca de 200 indústrias e 7 mil trabalhadores. Dessas empresas, mais de 50% exportam e algumas vendem 100% para o mercado americano.


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NSC

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